Hoje começou a quarta semana do desafio, mas foi ontem que fui para a rua com o desafio nº4 (podes ler mais sobre o desafio aqui).
A carta escolhida para concluir a tarefa da semana, é a carta 27. Talvez a carta com o percurso mais curto. Mas nem por isso de menos tempo. Esta carta leva-nos numa aventura pelo mundo, cultura e música em poucos metros.
Não foi há toa, nem batota, o motivo que me levou a concretizar o desafio um dia mais cedo. Porque a emoção deste passeio, a experiência completa, vive-se ao Sábado.
Se acompanharam o desafio anterior (ver
aqui) já perceberam que gosto de feiras e mercados. Ora neste desafio, o percurso é feito numa feira emblemática: A Feira da Ladra!
Começo o passeio antes, porque toda a chegada é envolvente, a azáfama de transeuntes, turistas, moradores ou aqueles que vem propositadamente à feira. Assim, subo ao elétrico 28 no Largo do Camões, e desço nas Portas do Sol, no sopé do Castelo.
Está um dia solarengo e quente para a altura do ano. Está a luz ideal para apreciar desde o miradouro, a bela paisagem do casario de Alfama, a perder-se no rio.
Como o meu destino é a feira, ponho-me a caminho pela Rua das Escolas Gerais até à Calçada de São Vicente.
Chegado ao largo da Igreja com o mesmo nome, começa-se a sentir a azáfama. Entre elétricos, carros, tuc-tucs e muitas pessoas a pé, aqui adivinha-se que ao fundo do Arco Grande de Cima, há todo um mundo à nossa espera.
A feira é cheia de cores, odores e sons. E até alguns sabores no quiosque do Jardim de Santa Clara e cafés que ocupam o mercado ou os prédios aqui circundantes.
Quando descemos a feira, acompanhamos um rodopio de negociatas. Avistando em permanência o azul do rio no horizonte, vamos circulando entre o mundo. O das coisas e o das pessoas.
Aqui vende-se tudo, desde coisas novas a coisas tão usadas que temos dúvidas se algum dia se venderão.
Mas aqui também se vende artesanato, arte com direito ao seu nome, e peças de fabricadas no outro lado do mundo, em fábricas lotadas de menos favorecidos.
E também encontramos relíquias de outros tempos, os móveis Vintage, o famoso design da década de 50, a Arte Nova e clássicos Queen Anne. Candeeiros e Louças de todas as épocas.
Reinvenções, como os míticos cães de louça que guardam uma porta.
Os vestidos, casacos e sapatos, alguns de marcas gastas em bancadas de chão, outros em tendas cheias de novidades baratas.
A música bagunça o ar. Entre bandas sonoras do rádio de uma ou outra paragem, encontram-se artistas que expõem a sua música.

Desço a rua até ao mercado de Santa Clara. Um pequeno edifício no centro da feira. Neste mercado, que aloja exposições sempre interessantes sobre a história das coisas, no open space acolhedor. O mesmo mercado que aloja comércio de portas voltadas para a rua. Aqui amontoa-se o comércio do restauro, artes, e espaços de designers.
Nestas lojas encontra-se “As Marias com Chocolate” um lugar que merece paragem. Peço um café e debato-me com as delícias de chocolates, bolos e caramelos. Escolhida uma vicentina, sento-me na pequena esplanada, em plataforma segura e vista sobre a feira e a paisagem em volta.
Ao lado encontra-se um músico a balancear-se enquanto desliza notas no contrabaixo. Param passeantes para apreciar.
Depois da pausa, passo pelo jardim. Um oásis de sossego entre a feira. Um lugar de lazer, de descanso entre relva ou esplanada.
Avista-se do alto mais sossegado a agitação da feira aqui mesmo em baixo. O rio continua em mira e o Panteão Nacional, imponente aqui ao lado, também.
Percorrido todo o jardim, faço a feira em subida até ao Panteão.
A atribulação fica lá atrás. Aqui deslumbro o templo, o de Santa Engrácia. Muito procurado pelos que o visitam em curiosidade e deslumbre pela obra. Ocupado por aqueles que depois de partirem em viagem fazem história.
Acabo o passeio com esta visão, o grande a fundir com o azul, o do céu e o do rio.
Venham até à feira e façam uma viagem. Vai valer uma bela manhã de Sábado!