A viagem
Quando digo que um dos meus sonhos é viajar “sozinha” mundo fora, sinto olhares estranhos em mim.
A verdade é que fomos educados a viver em família, em grupos sociais, em comunidade.
Com tamanha educação, pode ser estranho pensarmos em fazer algo sozinhos. Simplesmente pegar nas coisas e partir.
Mas porque não ir?
Estar sem uma companhia programada não significa solidão. Mas estarmos em nós próprios.
Mesmo não estando a cumprir a tal viagem, não dispenso situações em que estou só comigo. Aqueles que em mim própria saio à rua, e divago em momentos meus.
Acho extremamente enriquecedor partir rumo a um simples café, ida a um espectáculo ou uma aventura. Momentos a sós são momentos completos na ação que nos lançamos a fazer.
Só experimentando se consegue perceber a capacidade que temos de, estando em nós, nos fundirmos com o alheio.
Só experimentado se consegue perceber o quão rica é a nossa capacidade de absorção do que nos rodeia, e o que temos para dar.
Quando não estamos focados nos outros (aqueles que eventualmente nos acompanham), mas na aventura em si, somos mais inteiros. E essa integralidade permite-nos ser mais ecológicos nas potenciais relações e interacções. De saber reconhecer a cada instante as sensações. Mas mais do que isso, de poder sorrir para o mundo como um todo.
Estar a sós tem um potencial de dimensão que podemos não conseguir imaginar sem o viver. Podemos alhear-nos do que não queremos levar connosco é um dos resultados. Como se fossemos numa meditação constante.
Por outro lado, podermos dar atenção a todos os intervenientes das interacções pelo caminho, é estrondosamente arrebatador. Sentimos com imensidão tudo o que podemos na nossa essência, a dos sentidos e a da alma.
Vou continuar a almejar a grande viagem. Por agora ficam as pequenas. Mas já grandiosas no seu valor em mim.
Se te apetece ir. Vai!
Com amor,
Judite <3