A ilusão e o ilusório
A nossa mente é das coisas mais incríveis que alguma vez vamos saber sobre. Ou então, pensarmos que assim será.
Facilmente podemos andar a vida toda ao lado de algo que de tão óbvio não vemos.
Tal como vemos muitas coisas que não o são.
Vivemos em permanência ilusão. A que nós nos dispomos na nossa mente. Aquela que ignoramos muitas vezes.
E acontece com uma frequência maior que a que conseguimos medir, o desafio de nós para nós.
Hoje, vinha com a toda a calma sentada no comboio de regresso a casa e olhei para um cartaz afixado na vitrina separadora.
Olhei de relance e quando ia fixar a minha atenção numa qualquer outra cosia, houve um elemento que me chamou de novo e me prendeu em atenção.
Trinta anos em viagens de comboio. Trinta anos a passar várias fases do meu desenvolvimento e consequentemente da forma como apreendo as coisas. Pela primeira vez reparei no significado tão claro e transparente do logo da CP.
Ri com toda a vontade e acenei a cabeça com entusiasmo. Como é possível que nunca tenha reparado?
De imediato fui transportada para duas situações do passado, de ignição para a reflexão sobre o ilusório.
A primeira longínqua. Quando aos cinco anos de idade não gostava de queijo num Domingo. E na segunda-feira de manhã pedi à minha mãe para provar. Sim provar, porque não gostava de uma coisa da qual desconhecia o sabor, sem história, ou outro algo que pudesse repudiar, a não ser o seu famoso aroma.
Num dia não gostava e no outro era a coisa mais fantástica do mundo. Tenho de agradecer ao Egas e ao Becas, aqueles dois companheiros que viviam na Rua Sésamo por me ajudarem a confrontar o primeiro paradigma do qual tenho recordação.
Não pude resistir. Tive de experimentar por mim própria que os buracos do queijo realmente tinham o sabor, como afirmava na sua sabedoria o Becas.
Desde esse dia, mil e um paradigmas foram mudados.
Na última feira do livro, no verão passado, encontrei um livro que hoje adoro, mas que me caiu nas mãos sem que soubesse previamente da sua existência.
“A nova Inteligência” de Daniel Pink, abriu-se de página em página, até à devoração total.
Quando no momento da revelação no comboio, reli mentalmente um exercício que preenche algumas das páginas da obra, outro paradigma foi quebrado.
Realmente foi o que aconteceu quando o elo de cadeado se transformou de repente num “C” e num “P”.
Quando a minha mente preencheu os espaços negativos na imagem, revelou-se o mistério.
De todas as teorias e exercícios do livro, este nunca me tinha chamado muita a atenção.
Quantas vezes escavamos nas profundezas de questões não completadas?
Quantas vezes pensamos no ver, no ser, no sentir, mas não pensamos na sua antítese?
Quantas vezes pensamos que estamos numa emoção, mas ela não faz sentido?
É frequente dominarmos a nossa mente com fantasias. E a ilusão do que queremos transforma tudo em nosso redor em verdade. Na ilusória verdade que desejamos. Que acontece. Que existe na nossa, e só na nossa, própria história.
Quantos acontecimentos na nossa vida são sinceros?
O resultado é real, ou também fruto da nossa mente marota?
O que sentes neste momento é real ou ilusório?
Terás de descobrir o segredo. Afinal… é só uma questão de ver os espaços negativos!
Vê além da imagem! Vê com humildade do questionamento! A sinceridade sobre nós próprios ajuda a descortinar a mente.
Com amor,
Judite <3