O meu dia fora de tempo
Hoje no dia fora de tempo eu cumpri o meu dia, entregando-o a algo.
Depois da reflexão do que mais precisava, entreguei-o ao desapego.
Muitas vezes acumulamos coisas em nós e connosco.
Umas que já não nos fazem falta.
Outras que nos fazem melhor do que nos poderiam fazer bem.
Umas não nos importamos em deixar partir. Mas há partidas que podem ser mais difíceis, por vezes gostaríamos tanto que ficassem, que podem ser dolorosas, mas necessárias para um amanhã numa outra história, numa outra felicidade.
Assim, hoje fiz uma lista de coisas que acumulo em caixas, caixinhas e gavetas das quais não necessito.
Arrumei algumas pessoas nas caixas certas do meu coração. Algumas porque ocupam o lugar errado, outras porque dou uma atenção que não é delas.
Passei a manhã nestes arranjos. E logo de seguida parti para o rio, para simbolicamente as ver partir.
Os próximos dias serão de grandes limpezas, para que todas as caixas e gavetas, físicas ou não, possam ficar arrumadas e disponíveis para acolher outras coisas que por aí virão.
Será que precisamos mesmo disto? De ver o que mantemos e o que precisamos ver partir. Eu considero que nem tudo o que colhemos faz parte de nós, ou pelo menos não tanto tempo quanto queremos fazer ficar. E que por isso as limpezas são necessárias.
Se a corrente do rio apenas leva as gotas de água num sentido, atrasa em remoinhos, contorna os obstáculos, constrói e destrói.
A nossa corrente é o tempo e a fé em nós, que na premissa de viver nos leva a muitos outros caminhos. A muitas novas histórias. A sermos tão ricos quanto nos damos de riqueza de viver.
Reciclemos aquilo que já não precisamos.
Aquilo que já não tem arranjo.
Aquilo que já não decora a sala da nossa integridade.
E se nesta reciclagem pudermos reintegrar, que assim seja.
Mas se não fizer sentido continuar a almejar um rejuvenescimento, que assim seja.
Se tivermos que deixar ir na corrente, que assim seja também.
Com amor,
Judite <3