O ritmo dos sonhos
Nesta manhã que inicia o meu dia especial, sento-me a escrever num dos sítios que mais me inspira a fazê-lo. É aqui que preparo a minha partilha de hoje, aquela que pelas 21.30, como sempre que as há, irão poder ler.
Entre a leve brisa que ainda refresca um dia que será quente, o gracejar das aves e o trotear da água que cai em cadência, mas anima o lago. Este lugar que acolhe pequenas e tímidas crias de uma grande ninhada de patos, entre os ocupantes mais maduros. O verde ocupa todo o horizonte e o sol tenta chegar por todas as oportunidades com que pode para iluminar vidas.
E eu aqui, sentada entre uma grande chávena, os “mil e um” cadernos que levo sempre comigo e as modernas tecnologias que nos permitem estar sempre presentes no mundo e no trabalho. Penso em como me sinto feliz por estar aqui neste instante.
Neste lugar, a fazer uma das coisas que mais me apaixona, escrever, com outra que me move, partilhar.
Poderia haver melhor combinação para enaltecer uma manhã de um Setembro quente?
Porque aqui fico perdida no tempo…
E escrevo sobre sonhos e sobre planos.
E escrevo sobre o que a vida me ensina e sobre partilha.
E como sei e sinto com sinceridade, como partilhar esta alegria me preenche a alma e aquece o coração. Como me dá ânimo e ritmo, para que com toda a certeza possa rodopiar por aí, qual fada madrinha a tilintar a varinha noutros corações.
Por aqui me deixo perder no tempo…
O último ano foi tão preenchido que saltito entre as duas sensações.
A de que passou depressa, e que ainda ontem era um sábado de Setembro, mais fresco que este dia.
E a que tão longínquo, quase como se em outra vida. Quando tanta coisa aconteceu, entre pessoas e projectos, entre descobertas, crescimento e partilha.
Ao pensar em tudo isto, um sorriso maior alarga-se em toda a face e um calor ruboriza-me do coração ao olhar.
Tantas coisas começadas, umas reparadas e outras terminadas.
Tantos ciclos. tantos novos sonhos.
Ah e como eu sonho!
E sonho com tanta certeza, que aquele que é o meu sonho maior se sente na pele.
Transporto-me para aquele lugar onde ele acontece. Sinto a brisa que encadeia entre o quente e o refrescante, o aroma salgado, os raios de sol cintilantes.
E naquele sítio tudo acontece.
Ali tudo sou eu, e eu sou o que dali recebo.
E vejo-me lá a fazer o que mais gosto. A escrever, a criar, mas acima de tudo aprender e a partilhar.
Tudo o que faço, tudo o que tenho feito, step by step, rumo a esse destino. E esse destino cada dia mais sentido. Mais próximo.
E essa próximidade veio com o tempo. Não o tempo, pelo tempo, mas o tempo que me deixei dedicar ao sonho, mas acima de tudo à abertura para a aprendizagem.
Se há uma aprendizagem maior, uma que tenho tido em conta e que me alavanca em tudo, resume-se a escutar.
Escutar o coração.
E como tenho posto o coração em quase tudo o que faço, e como o retorno tem sido sem medida. Porque o que se sente não se mede.
Mas ouvir a melodia dentro de nós leva-nos a lugares que de outro modo não teríamos oportunidade.
Ás vezes não é fácil.
Não é fácil romper com as construções. Com os muros, paredes e vedações. Com os limites além da compreensão do coração. Com os limites impostos pela razão desracional.
Não é fácil lidar com os caminhos que nos trazem pedras, buracos e chão por alcatroar.
Não é fácil as portas que se fecham
Não é fácil quando os olhos se põem em nós, por vezes à espera de nos ver tropeçar.
Mas quando o podemos fazer. Quando estamos dispostos a ser um coração entre mentes. Quando o assumimos em alma inteira. Existe um todo outro mundo à nossa espera.
Poderia ser o da fada madrinha, desvendando atrás do arco-íris cascatas cintilantes, onde unicórnios, elfos e fadas dançam ao som mágico dos campos verdejantes.
Qual harmonia naquele lugar.
Mas as fadas (madrinhas ou não) vão além daquela imagem dos desenhos, os animados e os coloridos, que todos conseguimos agora criar em uníssono na nossa imaginação.
Quando sabemos qual o nosso lugar cheio de magia da vida, podemos descartar a imagem daquela que antes era uma caixa e agora uma tela preta.
Existe toda uma outra imagem. Só nossa, mas que em simultâneo todos conseguem sentir.
Este ano foi perfeito na sua imperfeição.
As melhores coisas que aconteceram, trouxeram alegria e energia à vida.
Mas as que correram noutros sentidos, aquilo que chamamos erros ou desvios, são as que melhor aconteceram no seu momento.
Porque houve aprendizagem e crescimento. E uma descoberta sem fim de tantas novas possibilidades.
Receber estes desvios com humildade e aprender com eles, foi de longe a maior evolução. E sinto imensa gratidão por tudo o que tive e fiz oportunidade de lá estar a vivê-los.
Para mim, hoje e amanhã, só poderá haver esta maneira de viver: ao som do coração.
Escutar e acompanhar o seu ritmo e melodia. Sentir a sua expansão em tudo o que faço.
Como o rei Midas quanto transformou o mundo em ouro, por o coração em tudo o que faço é o caminho do meu propósito. Mas tal como esta fábula, há que manter o poder do equilíbrio.
E se em outros ciclos o da razão pode prevalecer, o meu caminho agora faz-se pela essência. porque onde há equilíbrio, há possibilidade.
E eu estarei aqui para sentir e contribuir… partilhando!
Com amor,
Judite <3