O sonho de fadar sonhos!
Vivemos muitas vezes com coisas que sabemos precisar de despreender, que em todos os sinais, dos mais abstratos aos mais objectivos e sentidos no corpo e na mente, nos apontam caminhos. Mas que teimamos tantas vezes em não permitir o seu tempo de antena, em atenção plena.
Seguimos muitas vezes rotas em direção a estradas que conhecemos não ter fim, e que cuja inversão de marcha pode ser uma manobra de sorte, que na ausência deixará o rasto do caos.
Lutamos muitas batalhas que sabemos perdidas. Mas que nos vestimos a rigor no nosso fato de cavaleiro ou amazona, frente ao inimigo que em nós encontramos.
Vivemos muitas vezes com o que não queremos.
Porque é mais fácil manter do que abandonar,
Porque achamos que poderá haver um se, um outro lado que ainda não foi desvendado,
Porque existe uma meia metade que nos faz sorrir e esquecer a metade da dor.
Vivemos muitas vezes com a aceitação de uma parte,
Porque tememos que o universo não nos premeie com o todo,
Ou até porque nos desdignificamos da pretensão de tudo o que merecemos.
Porque achamos que esse todo e esse tudo pode estar tão longe que poderemos não alcançar,
Porque a parte é melhor que o nada.
Mas se pensamos no tudo e no todo, porque querer menos que o mais que podemos ter?
Porque fechar portas à aventura da descoberta dos caminhos onde nos poderemos ter de perder?
Porque querer encontrar a nossa imagem no reflexo dos rios e mares?
Porque não aceitar a surpresa do quando?
Olho muitas vezes em redor, e vejo na conformidade de quem me rodeia a aceitação de menos do que querem. Porque é mais fácil viver na infelicidade da metade, do que na incerteza do nada que pode ser todo.
Observo os olhares tristes de quem desistiu de sonhar, de sorrir, de afirmar a sua unicidade, e algo em mim se agita. Anseio em permanência agir, abrir a mão em auxilio, em ajudar no grito de liberdade, de direito no ser e no ter.
Houve um dia em que rompi com o que se esperava de mim. Com o que adiei. Com o que me libertei em dor mas muito mais em alegria. E esse dia, fez com que uma descoberta ainda maior se tenha dado. Um caminho que escolho todos os dias. E se no ego quero todo para mim, no coração quero ver felicidade em meio redor.
Este caminho, de trabalhar com a essência humana, nos seus contextos e realidades, às vezes também em dor e ansiedade, traz em si uma felicidade à qual agradeço a todos os que se sentam ao meu lado para partilhar um pouco de si, e levar um pouco de mim.
Hoje não me vejo noutro papel que não o de facilitar o caminho da mente ao coração. Do corpo que sorri. Dos sonhos que se almejam.
E nada mais que fechar Abril com uma palavra: Gratidão!
Com amor,
Judite