Celebra as (pequenas) conquistas da vida!
Há uma viagem que fazemos numa vida.
A vida!
Num percurso que pode ser avassalador pela sua rapidez ou pelo impacto que tem em nós, pelos encontros e desencontros ou pela ilusão que o tempo doí, ou desilusão que o tempo cura, pelo amor ou amores, pelas tristezas e alegrias.
Ora se esta vida é um vai e vem de dualidades, de vais ou ficas, de ganhas ou perdes, do tens ou não tens, do és ou não és. É também um infinito de alternativas.
Nesta dança em que os pares se competem. Podemos, todos nós, dançar também na escolha entre o ser espectador ou dançarino.
E o que escolhes tu? Qual a dança que mais te encanta?
Eu cá gosto da minha vida dançada num ritmo em que o corpo, a mente e o espírito se apaixonam pela música que dançam.
E nesta dança, com batida de festa, entrego-me à celebração.
Podia dançar outra música, outro ritmo?
Podia… mas dançar ao som da gratidão, da emoção de estar viva, da adrenalina de poder criar e recriar… esta dança encanta-me, porque é com ela que celebro a oportunidade de estar aqui.
De acordar para um novo dia,
De respirar fundo e sorrir,
Ou de emocionar e sentir a face salgada,
De ter novas oportunidades para fazer algo novo todos os dias,
De aprender coisas que até então ainda não sabia,
De contribuir partilhando o que sei com outro alguém,
De surpreender com a complexidade e com a simplicidade da vida,
De apaixonar e esmorecer a paixão por alguém,
De amar por amar,
De ter alegria por ter alegria,
De receber em troca o amor e alegria de outros,
Ou de não receber e perdoar,
De ser reconhecida pelo trabalho que faço,
Ou de não ser e ter de trabalhar mais e mais em busca das minhas conquistas,
De saber e de não saber algo,
De ter a casa cheia,
De ouvir o burburinho constante da rua,
Ou estar em só e ouvir o silêncio.
De poder celebrar todos os dias, apenas porque quero,
E porque quero posso!
Celebrar tudo o que nos rodeia é tomar consciência do que é tudo.
É tomar consciência da vida, de nós próprios.
É tomar consciência de quem somos e da dimensão do que podemos ser.
É saber quem deixámos de ser e quem ainda somos.
Celebrar tudo o que nos acontece é tomar consciência de quanto vale realmente a vida.
Será o que vivemos com ela? Será o que compramos com ela?
Enquanto seres sociais passamos muito tempo a comprar vida. Comprar felicidade. Comprar celebração. Mas esta compra da vida “de viveiro” custa-nos o stress, a depressão, a ansiedade, a frustração.
E dá-nos mais troco de tudo isto.
E os quintais em que podemos semear uma vida com pequenas vitórias foram esquecidos no tempo. Abandonados e sem cultivo.
Presos na nossa incerteza, nos nossos medos, nas nossas inseguranças, na prisão que criamos em nós próprios, quando deixamos de valorizar os pequenos detalhes que são verdadeiros milagres da vida.
O que vale teres a mesa farta para um banquete, se não tens com quem a partilhar?
O que vale teres educação, se não te permites partilhar?
O que vale poderes amar, se não permites agir com o coração?
O que vale teres paixão, se não tens coragem?
O que vale saberes dizer palavras bonitas, se as escondes ou nas usas?
O que vale teres todo o dinheiro no banco, se não tens tempo para o transformar?
O que vale poderes comprar, se não podes usar?
Tudo na vida pode valer o que vale. Ou nada valer.
E não, não tenha nada contra o dinheiro, venha ele.
Nada contra a sociedade, sou encantada pela sua complexidade.
Nada contra quem escolhe viver num conceito diferente do meu, viva a diversidade!
Mas porque esperar pelas coisas grandes, pelas contas cheias, pelas sociedades prósperas, pelos retratos das férias ou da família perfeitas, quando podemos celebrar todos os pequenos detalhes da vida?
Porquê fabricar conquistas, formatadas e parametrizadas. Quando podemos ver florir, ao seu ritmo, todos os dias e em cada dia, a felicidade única, inigualável, no “nosso quintal”?
Com amor,
Judite <3