Uma questão de espaço…

Estamos numa daquelas épocas do ano que olhamos para os nossos armários e gavetas e pensamos sobre as peças de vestuário que vamos precisar.
Renovamos ou guardamos alguns dos seus conteúdos. Juntamos-lhes algo novo.

Enfim… preparamos a nova estação para estarmos prontos para os dias que exigem algo diferente do que até aqui estava em uso…

Curiosamente este é um ritual pelo qual muitos de nós passamos.
Curiosamente preocupamos mais tempo no armário da roupa do que o da vida, dos sonhos e objectivos.
E ainda é interessante como permitimos ter mais peças de roupa no armário, do que ações para as nossas vidas.

Permanentemente é-me questionado o que faço em ocupação na minha vida.
E eu tenho sempre alguma dificuldade em colocar brevemente numa apresentação curta todos os “chapéus” que uso.
Existem chapéus que servem para proteger outros para dar brilho a um outfit, todos com utilidade de uma forma ou de outra. E assim são os meus “chapéus”.

Normalmente abrevio sucintamente de acordo com a situação onde me encontro, tal e qual escolhemos aquele chapéu para aquele dia, só para despachar.

Mas as interações acontecem e sucedem-se.
E surge sempre aquela pergunta: “Mas não fazias “aquilo”?, “Então agora mudaste?”, “Então já não fazes …”, “Então…?”

Se olharmos para o passado vemos os grandes nomes que influenciaram a história a somarem experiências em áreas tão distintas como a variedade de chapéus que podemos imaginar. Focaram a sua capacidade criativa apenas numa coisa: liberdade de criação. E criaram.

Hoje quando temos ou usamos mais que um “chapéu” o caos instaura-se nas mentes à nossa volta.
Tendemos para uma especialização cega das competências de cada um.
Somam-se conceitos de “se somos isto, não podemos ser aquilo”.
Criam-se conceitos de falta de tempo.
Abdica-se inclusive do tempo e dos sonhos, porque um dia se escolheu um “chapéu” e agora, qual punição, é um “para toda a vida”, mesmo que já tenha envelhecido e esteja incapaz de cumprir a sua função.

O que estamos a fazer com os nossos sonhos?
O que estamos a fazer com a nossa capacidade de reinventar e explorar?

Quanto tempo mais iremos insistir em usar chapéus que já não nos servem e correr em busca de outros?

Já pensaste quanto espaço tem o teu armário?
Não o que tens em casa repleto de matéria. Mas o que tens no peito, a aguardar ser completo pela tua essência?

Quantos “chapéus” lá podes colocar?

Se os que tens já não são para ti, recicla, cria a tua própria moda, explora as possibilidades, atreve-te a reinventar-te!

Com amor,
Judite <3