Abrandar!

Abrandar!

Quantas vezes entramos no automático, e isso nos leva a acelerar, a “despachar” e andar num piloto rápido a correr de coisa em coisa, de pessoa em pessoa, de tarefa em tarefa, de actividade em actividade, sem aproveitarmos real e totalmente cada uma delas?

Hoje, saí acelerada de casa, com aquela sensação interna de estar atrasada para alguma coisa… no entanto não tinha hora marcada para nada… apenas a minha disposição para ir beber uma grande chávena de café e ler o meu livro, na esplanada da praia.

No entanto, como saí uns minutos mais tarde do que a minha mente tinha calculado, a sombra do atraso, como se apoderou de mim, e me controlou.
Controlou, porque eu o permiti, claro!

De casa à praia tenho uns 14 kms de distância.
Uns 3ou 4 kms depois da minha saída encontrei à minha frente um carro que vinha calmamente.

Quando se apercebeu de mim, desviou-se para junto da linha da berma, para eu me sentir confortável a ultrapassar.

No entanto, como já o tinha avistado e previsto a sua velocidade mais lenta, eu mesma já tinha abrandado.

Aqui podia ter acelerado e passado à frente, de forma legal.
Mas com o risco de ter de fazer uma manobra rapida, pois ao fundo da longa reta, a curva escondia a possibilidade de alguém vir pressionar na manobra.
Já fiz muitas ultrapassagens naquele local. Todas seguras.

Mas hoje, a minha vozinha interior disse-me “não tenho pressa”…

Então, continuei os restantes 10 kms, à velocidade daquele que foi parceiro de viagem até quase ao destino.
Calmamente.
A usufruir da viagem, da paisagem, da música da minha SmothFM, a estação companheira de sempre.

E nesse momento tudo dentro de mim desacelerou.
Os pensamentos.
As emoções..

Houve momentos durante a viagem em que fomos perigosamente ultrapassados.
E no meu pensamento surgiu “onde vai esta gente com tanta pressa?”

Hoje, numa manhã de domingo encoberta, onde não há muito para fazer por aqui, a não ser… amar e olhar com calma para a beleza da vida!

Com amor e a tentar (sim, continua a ser um exercício para mim) manter desacelerada,
Judite