Esta partilha contém um segredo
Publicado em por Judite Resende
Este post contém um segredo!
Mais do que a partilha sobre estes dias, conto algo, que não é assim tanto oculto, mas sim pouco falado por mim…
Em 2014 comecei o meu primeiro negócio na área do turismo, mais propriamente no desenvolvimento de alojamento local, em Lisboa.
Tudo começou com uma viagem a Barcelona, com o meu namorado-cohabitante e um casal conhecido.
Os 4 com grande vontade de fazer algo diferente do que estávamos a fazer na altura.
A cidade estava cheia e os hotéis estavam escassos.
Foi então, que, contrariada, fui convencida pelo outro casal a reservar um apartamento local.
(Sim, se viajas comigo, a probabilidade de ser eu a tratar de tudo é de 101% 

)



Nunca tinha ficado num alojamento do género.
Para mim, viajar significava hotelaria.
Nessa viagem aconteceram 2 coisas, que levaram ao negócio em si, e à minha mudança da forma como viajo…
A primeira foi todos termos constatado que em Lisboa ainda não havia um olhar tão profundo e profissional desta área, e propormo-nos a desbravar caminho, com um budget super reduzido, muita astúcia e parcerias com quem tinha as suas casas com dificuldade em arrendar (sim, já houve casas a sobrar em Lisboa!), utilizando as nossas competências pessoais subvalorizadas nos nossos empregos.
Fazia anos que sentia o empreendedorismo dentro de mim, foi o empurrão para começar.
A segunda… teve a ver mais com a viagem em si.
Dividimos aquela semana e meia entre Barcelona e Palma de Maiorca, afinal 45 minutos separam um destino do outro e seria uma loucura não aproveitar para dar um saltinho à ilha 



Ao contrário de Barcelona, Mallorca estava ‘vazia’ e encontrei um excelente hotel, com piscinas em vistas lindíssimas sobre o porto, numa das zonas mais badaladas, numa super promoção que reduzia o preço para dentro do nosso budget.
No balanço, e regressada, comparei as duas estadias. Mais propriamente o tempo que estive em cada um dos alojamentos e o respectivo preço de cada um (apesar da promoção o valor hotel em Mallorca foi mais elevado)
Praticamente não estive mais que o tempo para a dormida e umas poucas horas de pequeno almoço em cada um dos alojamentos…
E isso fez-me pensar no quanto há alojamentos que ficam caros, não pelo preço em si, mas sim pelo valor/usufruto que eu lhes dou…
Apesar de dar muito valor a algumas questões, houve outras que deixaram de ser tão importantes para mim.
Então, hoje, os detalhes de luxo do alojamento deixaram por completo o meu foco.
E sim, o que vou fazer naquele local…
Posso valorizar alguns detalhes se estiver num sitio remoto onde for para passar largas horas mergulhada no dito.
Mas… o minimalismo apoderou-se de mim…!
Sejamos honestas, que é muito raro eu ficar sossegadita num sitio, pois eu gosto é de palmilhar as redondezas, conhecer cantos e pessoas locais…
Então, pagar por um espaço que não usufruo, é plenamente má gestão de recursos… financeiros e físicos/ecológicos de forma geral.
Então, apliquei um novo estilo, logo na primeira viagem que fiz de seguida, em Janeiro de 2015.
Menos investimento na dormida, com redução na categoria do hotel, e mais orçamento para a vida local.
Nessa semana, e já conhecendo os pontos turísticos q.b., troquei o passeio de turista por uma semana literalmente a viver localmente e experimentar muito mais de Londres em múltiplas realidades de escolhas e possibilidades 









E aprendi mais sobre permitir fazer o que gosto, em vez de ir no que fica bem nos mimis e relatos (e fotos) sobre férias…
De facto, ao ter de fazer escolhas, hoje:
– prefiro muito mais viajar em Portugal, por aqueles lugares menos conhecidos,
– reduzo o orçamento para o alojamento e isso permite-me usufruir de outras coisas de forma mais despreocupada,
– quando restrinjo a procura ao orçamento, isso leva-me a descobrir terras lindas deste país fantástico que nem imaginava existirem,
– distribuo o meu orçamento pelos comerciantes e serviços locais
– contribuo para a nossa economia ser mais circular
– crio memórias incríveis com situações e pessoas, que de outra forma, noutro local, não teriam tempo para se perderem em horas de conversa,
– entre tantas outras coisas..
Claro que continuo a pôr, de quando a quando, o meu pezinho lá fora ou num local mais preparado para me deixar ficar em modo relax e luxo, mas o meu estilo de rentabilizar o mais a experiência, esse vai sempre comigo 

Hoje partilho esta história, porque muitas vezes ouço pessoas a partilharem que “não há dinheiro” para férias, mas acabam por usar o valor que usariam numa viagem deste tipo, em voltinhas locais, durante a sua pausa ou férias legais…
Se esse é o teu caso, só precisas de ressignificar as tuas viagens…
Há pequenos alojamentos, hosteis, a casa da prima da prima, onde podes ficar por um valor muito reduzido…
Apenas um libertar dos pré-conceitos e permitir-nos viver mais situações diferentes, a partir de uma simplicidade…
Por isso… se estavas à espera de eu te contar um segredo sobre aquele lugar xpto perdido no paraíso… encontrei um… mas não foi um hotel de luxos, e sim toda uma vila muito acolhedora, onde me senti acolhida e onde fui travando muitas conversas perdidas entre passeios, compras e comidas.
No alojamento, pasme-se, fiquei numa pousada da juventude, num quarto partilhado, e tive como companhia duas mulheres, professoras, mãe e filha, já repetentes por ali.
Vi aplicarem a mesma ideologia: uma cama quente e limpinha para dormir, e o resto… muita vontade e longos dias para curtir em experiências variadas.
A empatia foi tanta e tão rica em 2 dias, que na minha partida trocámos contactos.
E isso, gente, não se ganha fechado num local exclusivo… 

Foi apenas a minha 3a experiência neste registo de alojamento (espalhadas por 5 anos), em partilhar espaço com desconhecidos…
Note-se que nem na faculdade aceitei por alguma vez compartilhar um quarto na república, chegando a negociar pagar as duas camas do quarto que queria, tal era a minha antiga rigidez quanto à restrição do espaço.
Mas hoje, na minha consciência, cada vez mais me faz sentido.
Lembra-te: mudar de ares e sair da rotina é preciso, seja fisicamente ou nas coisas que nos permitimos fazer…
Esta mudança permitiu-me mudar muitas outras coisas.
Pode fazer sentido para ti, ou não… 

Com amor e a desejar que todos possam viver uma vida feita mais de tempo para viver, do que restrições para o fazer,
Judite


