Reconhecer-nos na Dualidade

“Não há luz sem sombra,
Não há bondade sem mal,
Não há ganho sem perda,
Não há Verão sem Inverno,
Não há paz sem superação da dor…”

E por isso, reconhecer-nos na nossa dualidade é conhecer o caminho do nosso centro e equilíbrio.

Hoje venho contar-te algo, que a menos que já tenhas feito algum programa de Gestão Emocional comigo, e então já saberás mais sobre isto, pode ser dececionante saberes sobre mim…

Talvez pela imagem que podes ter criado, que é o resultado das minhas superações, podes não ter noção que eu sou o que sou, como fruto da superação diária do meu pecado capital: a ira!

Sim… sou ardente na ira, na raiva, e esse é o meu desafio de vida… lidar com a frustração de forma pacífica, lidar com a rejeição de forma integrada…

38 anos de vida… 38 anos de superação da raiva.

O meu desafio é encontrar o meu centro no equilibrar a ira, a frustração com a amor e altruísmo.

Sim, quando estamos em desequilíbrio, vamos tender para um lado, e pode ser qualquer um deles, de forma excessiva.

Para vivermos plenos, precisamos viver o centro e abandonar a dualidade.

E este é o meu desafio, equilibrar para amar e dar de forma mais respeitosa para mim mesma.
Desafio que tão claramente conheces aqui, nas minhas partilhas diárias.

Hoje vou contar-te o outro lado da história, e para este propósito, vou contar sobre como acabou a história que partilhei faz 2 noites…

Talvez, neste momento, a imagem que tens sobre a minha pacificidade fique turva.
Talvez te revejas.
Talvez te inspires, porque ela é também verdadeira e o resultado de um trabalho diário de olhar para dentro e expandir em amor para fora.

Ontem, a vida, o universo deu-me uma tentação.
Poderia ter passado à frente da mesma, e ter usado o meu amor para isso.
Mas escolhi abraçar o meu lado mau.
E com alguma maldade usar a oportunidade para fazer alguém sentir dor, que eu me permiti infligir, na minha interação com ela.
Não me orgulho nada disso.
E em vários momentos, pelo caminho, tive a possibilidade de amorosamente parar.

Mas escolhi avançar.

Deixei que a raiva cresce-se dentro de mim, consciente de que ela lá estava. Consciente da dor que estava a infligir à outra pessoa.

Podia ter parado.
Não parei.
Continuei até sentir que o meu alvo não merecia.
Afinal, a vingança não era contra ela, era contra mim mesma, que fiquei com a dor da maldade nas minhas mãos.

A certo momento, pude escolher novamente.
Continuar, ou parar.

Decidi parar, olhando a pessoa com pena.
Afinal, aquilo de que me queria vingar é mais fonte para a pena que de raiva.

Tendo queimado toda a raiva.
Foi isso que ficou.
Fiquei com o lamento de ter me deixado ir na raiva, quando tinha a consciência de tantas dinâmicas ali presentes e detentora de tantas ferramentas.
E com pena da inconsciência da outra pessoa, sobre a raiz e o fruto daquela situação.

No final a dor fica mais para mim que para quem pretendi magoar.
E… não vale a pena.

Abraçar as nossas sombras é uma dávida, se nos servir para florescer.
E um tormento, se as alimentamos e as deixamos consumir-nos.

A escolha é sempre nossa.
A escolha foi sempre minha.

Cada um de nós tem o seu desafio maior.
Eu sei em plena consciência de que a ira é o meu.
E como devo prosseguir para lidar com ela e transformar.

Só preciso de escolher fazer.
Só precisamos de escolher e pôr em prática.

Hoje, quero deixar aqui dois registos finais:

Um pedido de perdão, também à outra pessoa, mas principalmente a mim mesma, por a ter magoado

Um pedido amoroso e um desafio de crescimento.

Deixar-te esta questão: sabes qual o teu maior desafio emocional interno?

Com amor e a superar a ira dia após dia,
Judite