A escravidão dentro de nós
Eu tenho sempre no mínimo 3 ou 4 livros na minha mesa de cabeceira (neste momento tenho 7)
Mas este, este livro, desta edição específicamente está (quase) sempre ali desde que o comprei, ali.
Hoje em dia há muita controvérsia ao redor da história da vida real e da relação do autor e da musa que o geraram.
Não sabemos. Não estávamos lá.
Eu tenho na Alice e na relação dela com os mil dilemas da sua aventura, uma inspiração para as reflexões viscerais pelas quais tantas vezes passo. Pelas quais as pessoas que me procuram passam.
Hoje escrevo sobre este livro. Cuja drama-alucinada-heroína origina desde que me lembro de pensar que nomes gostaria de dar aos meus filhos, se os tjvesse um dia.
A improbabilidade biológica da maternidade é tão apertada e escassa, que nesta fase da vida, agora em paz com esse tema, não lamento revelar, que se fosse mãe de uma menina, era indiscutível que o seu primeiro nome fosse Alice.
Curiosamente, nas dezenas de histórias ficcionárias que escrevi, ao longo de toda a minha vida. Nunca dou esse nome à minha heroína.
É quase como um nome sagradado.
Talvez porque não quero dar o meu nome a uma das minhas personagens.
Talvez porque eu me veja a mim mesma na Alice.
Independentemente da polémica. Este livro honrado no altar da minha mesa de cabeceira possui uma das mais poderosas metáforas para o interno humano.
Para as nossas lutas e dilemas neste mundo que nos sufoca nas crenças e valores atrofiados em contextos dos quais a nossa alma se quer libertar.
Sim, eu identifico-me com a Alice, porque me sinto tantas vezes nesta alucinação da abusividade da expressão do mundo.
E tal como ela, tento econtrar um caminho para casa.
Esta casa que habita em nós e que está sempre tão oculta e sujeita às distrofias da percepção, do ruído, das fugas e das distrações que o nosso mundo material nos propõe.
Eu sou Alice, a singrar no caminho de descoberta, que nos traz a percepção da loucura que habita na insanidade deste mundo.
Porque vivemos num mundo insano.
Este mundo “das maravilhas”, qual véu que nos ilude da nossa auto escravização.
Somos escravos do ego.
Somos escravos das aparências e julgamentos.
Somos escravos do ter.
Somos escravos das comparações.
Somos escravos de nos sobrepor, das vinganças, do “ficar por cima”,
Somos escravos dos jogos, do submeter o outro, de nos sobrevalorizarmos
Somos escravos do calar para não nos revelarmos,
Somos escravos do esconder a nossa verdade para podermos sobreviver neste mundo.
Mas eu… eu sou Alice.
E como ela não quero ser escrava de nada.
Apenas quero encontrar o caminho.
E no meu mundo, o meu caminho quero fazer em amor e verdade.
Na plena honestidade do que vou tendo consciência.
Vivendo a vida por ela mesma. Na sua própria magia.
Sem “ses” nem imposições de regras que não me cabem.
Sem jogos e muito menos julgamentos.
Só amor, só paz.
Um mundo em simplicidade, em sou mais inteira, cada vez mais, em mim mesma!
Com amor e no caminho para casa,
Judite