A pele da verdade

Qual a melhor pele, que a pele da verdade.

Faz uns (poucos) anos que me perguntaram se com tanta exposição publicamente, se não temia pela minha vida, pela minha privacidade e até pelos meus esqueletos no armário.

Na altura fiquei a pensar:
Pela minha vida e privacidade, não, porque apenas exponho as partilhas nos limites e detalhes da minha separação profissional/ privada.

Mas… os esqueletos no armário, será que tinha algum?
Por vezes vamos amontoando uns ossitos, que se podem transformar em esqueletos. E também sabemos, que em determinadas circunstâncias, esses esqueletos podem ser usados de forma adulterada e antecipando uma não preparação para alguém que os vai receber sem contexto.

Desde daí que assumi sempre que não haveria segredos (contados de forma generalista, claro, porque os detalhes privadoa, são intimos e reclamo o direito a eles, assim como a preservação máxima das pessoas que envolvo e que assim preferem permanecer: na esfera íntima/ privada).

Desde aí já vos contei coisas sobre: negócios e amores que correram mal, expectativas frustradas em projetos e relacionamentos, doenças e crenças internas que fui superando, boas e más decisões, alegiras e dores, duvidas e certezas, caracteristicas pessoais, posições e visões sobre a humanidade, a sociedade, o planeta, a sexualidade, sonhos, ambições, ideologias e tantas outras coisas…

Bem… como a formação dos esqueletos me incomoda, tenho de revelar um último, do qual não me orgulho, mas considerei um mal necessário para um bem maior.

Nos últimos anos, mulheres sofridas, violentadas, transtornadas, incapacitadas do seu empoderamento, autoconfiança e amor, tem recorrido a mim.
Isso fez com que assumisse o meu activismo pelo feminismo numa esfera pública e que todo o meu trabalho para clientes particulares fosse cada vez mais direcionado a elas.
Existem uns quantos projetos na calha (vários e que me estão a encher o coração de alegria e um estrondoso entusiasmo, com alguma pitada de nervosismo).

Ao início assustou-me esta recorrência. Ao início nem sabia como lidar com isso…
Eu, desligada de uma certa empatia com algumas questões como a dependência, obsessão, ciúme, etc,
Eu que fui “acusada” tantas vezes em relacionamentos anteriores, por não demonstrar afecto suficiente, apenas porque não enverdava em dramas convencionados como normal.
Como poderia ter estrutura de saber, para compreender (e ter paciência para escutar sequer) aquela mulher que me vinha falar de conceitos desconhecidos no meu sentir, como o ciúme, p.e.?

Durante algum tempo, esta falta fez-me questionar o porquê de estar a ser colocada nestas situações.
De me ser dado um convite visceral de escrever e partilhar na primeira pessoa tantas questões relacionadas com a minha autoconfiança e amor próprio, o à vontade com a minha sexualidade, entre tantas outras coisas que fui aqui escrvendo.

Quanto mais escrevia, mais me assustava.
Pensei em reduzir a escrita.
Fi-lo várias vezes.
Eliminei vários blogues ao longo dos anos, por resposta “tímida”, às reações externas.

Mas depois veio ela… a minha mãe divina, que se entranhou em mim, e me emprestou a sua espada.

E aa dúvidas reduziram, embora as palavras e as partilhas ainda fossem tímidas.
Pensei se realmente deveria fazer aquilo. Qual a consequência em todo o meu restante trabalho. Inclusive na minha imagem profissional enquanto empresária e palestrante e formadora de liderança em empresas.

Os mapas natais e os oráculos validavam e eu ainda tentava contornar a missão.

As dúvidas voltaram, e veio uma última mensagem. Além mundo. De uma pessoa que conheci pontualmente aqui nesta rede. E me veio apenas trazer esta mensagem: estás a fazer o que é suposto. Tens que continuar. Tens que libertar mais a tua voz.

Kali voltou a reforçar-se em mim.
As ações e acontecimentos à minha volta geraram-se perfeitamente para que pudesse viver mais visceralmente esta experiência…

… mas ainda não era suficiente…

… ainda não sentia enquadrada o suficiente.

Então… após dúvidas e noites a pensar se deveria ou não usar um recurso, o universo atirou esse recurso de novo contra mim.

O que vou contar, poderia ser um grande esqueleto no armário.
Mas hoje acordei a pensar que já explorei demais esse recurso, e que extenuar o seu uso, passaria de “mal necessário” (se é que isso pode sequer existir) para a maldade.
E eu não posso entrar nesse campo.

Hoje acordei e pensei. Está terminado. Nas últimas semanas tentei viver algumas experiências na pele de algumas partilhas de comportamentos que as minhas clientes partilham comigo. A forma se abordar. Uma certa pocessividade, agressividade e até insanidade do medo da perda, entre tantas outras coisas. Para isso usei um “ex” (que na verdade também não foi a melhor pessoa comigo e por isso foi o “escolhido”), para testar estes comportamentos.

Se me orgulho de ter usado a pessoa? Nada!

Mas o que mais me custou foi assumir aquelas atitudes, falar com aquela insanidade e desarranjo.

Podia guardar isto para mim, talvez nunca soubessem que o fiz.

Mas aprendi tanto sobre o peso que é ser-se uma pessoa assim, que compreendo um pouco melhor a dor de quem me procura.
Uma dor tão autoinfligida. E que, meninas, não vale a pena. De todo.

Então este revelar e esta partilha, mais do que para ficar de bem com a minha consciência que não gosta de “esqueletos escondidos”, é um convite a ti, mulher, para partilhares comigo o que, num programa de Gestão Emocional, direcionado ao amor, gostarias de ver ser superado.

Porque esta vai ser a minha próxima oferta para ti! Aqui.

Com amor e de coração leve, (e com um misto de felicidade e brio por ser leve de raiz),
Judite B Rezende