Boa ou Má?

Boa ou Má?

Questionam-me frequentemente sobre se me considero boa ou má pessoa.
Ouço e leio por aí conversas, textos, e tantas performances e representações que pretendem separar o mundo em 2 tipos de pessoas: as boas as más.

E nesta divisão, só podemos cair numa caixa.

Se alguém que era vist@ na caixa das boas pessoas, comete ou pronuncia sobre algo que não se parametriza nas regras legitimas para estar nessa caixa, há sempre um “até era boa pessoa…”.
Era, muma finalização contratual que rescinde o direito a ser uma boa pessoa, por ter ultrapassado um qualquer pensar ou até acto emocional, que a tirou daquele direito.

Quando penso em mim, não penso como boa ou má, como luz ou sombra, como anjo ou diabo.

Às vezes até brinco e digo que sou um anjinho com uma caudinha vermelha 

Vejo-me como um ser, uma alma em evolução que habita um corpo, numa dimensão terrena, que lhe promove vários desafios de evolução.
Atenção: evolução! Não leiam perfeição!

Sou assim, tão humana como o corpo que habito, e por isso tenho momentos: bons e maus, luz e sombra.

Pelo trabalho que faço em mim, e pelo que ainda tenho a fazer, sou de extremos.
Sou a escaldar ou a gelar.
Não tenho meio termo.

Amo desmedidamente, partilho de coração pleno e aberto, reconheço o amor em tantas coisas, e percebo-o como algo abundante. Por isso não limito a sua quantidade a quem está disponível a receber, de coração aberto também.

Mas também sou aquela que não admite a pequena ferida.
Sou gelo e emparedo, dum lado de lá da existência, quem deixa de ter lugar, por más ações comigo.

E, quando me ferem deliberadamente no coração, sem piedade e com prazer…
Sou aquela que foi calcada apenas no mindinho, mas responde partindo a perna toda à outra parte.

Orgulho-me por isso?
Nem não, nem sim.
Faz parte dos meus desafios internos mas também faz parte das minhas forças. Ambas, na sombra e na luz, o que preciso de integrar para cumprir com o meu caminho próprio, e evoluir enquanto alma.

Reconhecer-me nos 2 lados é reconhecer-me em lado nenhum.
E reconhecer-me assim, mostra-me claramente o caminho que já percorri até aqui, e aquele que percorro todos os dias, para me livrar das caixas.

Com amor e desencaixada 
Judite B Rezende