Efeito Borboleta

Hoje tinha uma agenda bem preenchida de coisas para fazer. Programadas como um puzzle.

Vou terminar o dia com muitas delas por fazer. Em troca tenho o coração deambulante sobre tantas questões que me ficaram, outras que se esclareceram. Claro, não fosse esta a surpresa da vida, muitas ainda por responder.

Há poucas horas atrás cheguei a casa. Ia sentar-me para por alguns emails em dia, organizar algum trabalho, e claro escrever para vocês sobre um tema que vai ficar para outro dia.

Mas tudo mudou quando liguei a televisão. Um gesto que mudou a minha tarde. Um gesto que colocou a rodopiar algumas questões e respostas que já traquinavam na minha cabeça.

Habitualmente sento-me no lado direito do sofá, junto à janela, chávena de chá ao meu lado e o PC no colo sobre a minha manta da inspiração. Ponho a tocar a playlist sem ordem, e fico-me a divagar na escrita das minhas linhas e projetos.

Hoje sentei-me do lado oposto. Liguei a televisão, encostei a cabeça alguns minutos e adormeci. Devo ter dormido pouco menos de uma hora, mas acordei com a sensação de estava noutro dia, com outros planos, noutro momento.

Enquanto lutava ensonada para me situar, fui abanada pela épica abertura da 20th Fox movies. Fui ficando no mesmo lugar, mais 5 minutos, e outros 5, e tantos 5 que já não podia deixar de envolver pela história que me foi transportando para outras emoções.

O filme “The Fault In Our Stars“, cuja história não é a que escrevo, é recomendável para pensarmos sobre algumas questões. Hoje coloco algumas questões que às vezes parecem tão triviais.


Existem tantos momentos que pela prateleira das trivialidades descuidamos em nós. Mas tantas mais que descuidamos nos outros.
De lhes dizermos simples coisas que nos vão na alma.
De um abraço descomprometido.
De um olhar de encorajamento.

É verdade que também devemos estar no centro da nossa atenção. E que devemos ter um trabalho sobre nós que nos permita estar e ser.

Mas esse trabalho só faz sentido se for verdadeiramente partilhado com o mundo.
Porque caso não ocorra ficarão sempre questões por responder.
O que estamos aqui a fazer?
Qual a marca que queres deixar ao mundo?
Qual a energia e o impacto que queres ter nos outros?
Quanto é que queres valer? E a que custo?

Precisamos de definir bem o quanto e quando queremos ter sucesso nas nossas ações, para as pode alcançar.
Só assim saberemos se estamos no caminho ou se já chegámos à meta.

Precisamos de definir bem aquilo que queremos obter depois de alcançar essa meta. E como vamos viver com isso.
Só assim saberemos se alcançar será realmente bom para nós.

Precisamos de definir quem somos.
Só assim saberemos se alcançar será coerente com tudo o queremos deixar de marca para o mundo.

As boas opções do agora podem ser menos boas daqui a pouco. Mas será uma escolha nossa. E é nisso que a nossa oportunidade de ter escolha consiste. Temos esse poder em nós.

Tudo complica quando pensamos num outro poder que também temos. O poder do impacto.
Qual é o impacto que queremos deixar no nosso caminho? Nos vários caminhos que percorremos?
Será que o que recebemos em alguns momentos, com algumas escolhas, compensará o impacto que vamos deixar com as nossas ações, no mundo?
Será que aquilo que para nós é uma pequena perturbação circular na pedrinha que atirámos ao lago, possa ser um Tsunami na vida de outra pessoa?
E quando o Tsunami passar? O que deixamos: oportunidades ou destruição?

A vida é uma surpresa.
Somos constantemente aliados das nossas intenções.
Somos constantemente desviados dos nossos planos.

Cabe-nos a nós saber se e quando queremos entrar na carruagem desenfreada, estender a toalha na areia da praia, deambular pela cidade ou correr sob o sol de primavera num jardim.

Mas quando o fazemos temos de ter coração e alma.
Mas quando o fazemos temos de ter humanidade em nós.

Façam o que fizerem, façam-no com consciência no coração.
Digam o que o disserem, também!

Com amor,
Judite <3