Por trás daquela porta…

Quando aprendi a ler tornei-me uma devoradora de livros.

Ainda hoje, passo horas por ano em livrarias. E com muita facilidade em trazer sempre alguma coisa, mesmo que isso implique abdicar de outras pequenas coisas.

Houve um dia, não me lembro quem, em que contexto, nem exatamente a minha idade, que alguém me ofereceu um livro especial.

Esse livro não falava em fadas ou outras coisas mágicas, não tinha uma aventura encantadora nem ilustrações de sonho.

O João sem medo”, era um livro com desenhos que não cativavam crianças e com uma história daquelas que se poderia ler apenas uma vez. E ponto.

Mas a verdade é que a história deste João, que não tinha medo, me tornou uma leitora assídua deste livro. E de quando a quando, lá ia eu, tirar a aventura do João da prateleira.

Havia algo de muito misterioso e arrebatador para mim.
Como é que este João conseguia?

Como é que eu tinha medo do escuro, de ter monstros no armário ou que um desconhecido me levasse para longe do papá e da mamã. E o João vencia desafios e o vilão que mais ninguém dominava?
Só porque não tinha medo!
Li e reli. Eu queria ser como aquele João…

Durante muito tempo não consegui igualar. 

Qual era o segredo?

Vinte e poucos anos passados ainda não domino respostas. Mas sei que o João não tinha medo porque simplesmente não sabia o que isso era!

Ora se o medo é paralisante. Se nos impede de avançar, progredir e concretizar, só tem um motivo: porque sabemos o que é o medo, a desilusão, a frustração.

Mas… Porque temos nós de nos amarrar nos resultados repetidos. Porque temos receio de abrir a porta não identificada?
A Alice (wonderland) fê-lo.

É verdade que entre aventuras e desventuras passou por muitas ameaças e perigos inigualáveis, naquela terra desconhecida, onde até arriscou perder a cabeça.
Mas no final encontrou a sua revelação.

E neste meu herói e heroína, vou buscar a inconsciente energia, dia após dia.
Só depois de abrir a porta é que posso saber se há motivo para ter medo.

E se tiver? Bem… ai… há que decidir: Voltar a fechar, ou saltar para o lado de lá, mesmo com o friozinho na barriga!

Abras ou voltes para trás, a opção correta será a que te faz bater o coração!

Com amor,
Judite <3